Resumo:
Existe uma cidade em que se vive e uma cidade construída que a acolhe e a hospeda. Estão ligadas por uma relação obrigatória, e mesmo assim são realidades separadas. De um lado o corpo da sociedade com suas atividades, os seus ritos, as suas agitações, os seus conflitos; de outro uma gigantesca concreção material que cresce lentamente sobre si própria e na qual a vida faz ninho, como o molusco em sua casca.
Citè e ville, dizem os franceses, exprimindo a diferença com palavras diversas. Cité e ville são atravessadas de maneiras diferentes pelo tempo. O tempo da cité é aquele escandido dos eventos, das pessoas, das instituições. As instituições são formas estáveis nas quais a sociedade se organiza, e por isso se espelham com correspondências diretas no corpo da cidade. Mas a construção é possuída por um tempo mais lento e indistinto e por uma maior continuidade. Os edifícios se sobrepõem aos edifícios e as formas às formas, segundo lógicas de derivação que mudam de cidade para cidade e definem seu semblante. A cidade construída atravessa as gerações; é essa a transmitir em primeiro lugar imagens e memórias.
Estamos habituados a ver as cidades como acumulo de historia. Mas ainda antes estas são mundos figurativos densos e às vezes não conciliados. Sobre as figuras definem a sua primeira e principal identidade. As cidades são o lugar de máxima densidade da experiência da arquitetura; o terreno de seu infinito confronto; a expressão de suas alternativas. Estas alternativas devem ser reconhecidas. Só um olhar amoroso e deformado consegue escolher os objetos e imaginar dentro da cidade uma nova cidade. O conhecimento positivo e o naturalismo alinhavam elencos e catálogos. O projeto identifica objetos de afeição e sobre eles ergue uma nova e imaginária cidadela. O curso está organizado em cinco lições e debates. Os temas são os seguintes:
1. Cidade e arquitetura.
2. A questão dos monumentos.
3. A questão da casa
4. As partes da cidade
5. Cidade dos livros e cidade da pintura