Resumo:
“Se a cidade para a qual caminhamos não é nem a antiga nem a moderna, mas – através da consolidação da primeira e uma modificação da segunda – é qualquer coisa como uma terceira cidade que interpreta as duas contemporaneamente (...)” Bruno Fortier
Numa sociedade em que somos bombardeados pelo consumismo, material ou nas relações pessoai; efêmero e volátil alcançam tal nível que buscamos encontrar um meio para no ancorarmos. Desse modo, podemos entender a memória como esse refúgio, lembranças que nos fixam a um determinado tempo e lugar, estabelecendo vínculos, individual ou coletivamente, costurando o passado e o presente. Nesse contexto, o projeto trabalha num caminho híbrido, de não negar as características intrínsecas do lugar mas sem a necessidade da “museificação.
A partir da leitura da área, identificando as potencialidades das edificações históricas, da disponibilidade de locais não edificados e da possibilidade de melhor aproveitamento de lotes subutilizados, pensou-se em como costurar esse tecido, de maneira a interligar os programas educacionais e culturais já existentes e como potencializar esse caráter de espaço formador da cidade, inserindo outros edifícios, configurando um complexo educacional e cultural, articulado por uma praça, pautado na intenção de se pensar a formação completa do indivíduo, não apenas acadêmica, mas também social.
A referência para a constituição desse complexo vem do conceito de Praça de Equipamentos, desenvolvido pela equipe do EDIF (Departamento de Edificações da Prefeitura de São Paulo, como Alexandre Delijaicov, André Takiya e Wanderley Ariza, que por sua vez, se consideram herdeiros de Anísio Teixeira e de sua proposta educacional desenvolvida nos anos 1950, as Escolas-Parques.
A ideia de expansão dos programas característicos dos edifícios para o espaço público também se coloca como premissa, bem como atividades externas sendo levadas para dentro do edifício.
Assim, esse trabalho busca articular e costurar os programas já existentes e a complementação dos mesmos, a fim de dilui-los ao longo das quadras – não somente as quadras imediatamente ao lado, mas também encarando o Barracão de Lemos, do outro lado do terreno da FEPASA, utilizando o túnel de ligando essas duas partes do complexo.
Propõe-se uma EMEF, do 1º ao 4º ano, e uma EMEI, que está articulada com a praça por meio de uma “rua-corredor”, configurada pela ocupação da ruína da Antiga Cervejaria Columbia, utilizando as paredes como uma casca, para abrigar os programas da escola em período Integral, uma vez que a edificação da escola próxima já não tem mais como ser ampliada. Esse ponto da intervenção será utilizado de forma conjunta pelos alunos da EMEI, da nova EMEF e da CEMEJA já existente, a Orozimbo Maia.
A praça é o espaço público por excelência, e é utilizada como expansão dos programas internos, contando, como por exemplo, com quadras esportivas e um pequeno teatro aberto. A costura entre os equipamentos se dá pela marquise.
A grelha metálica aparece como uma recorrência em todos os pontos do projeto, marcando áreas em que se desenvolvem atividades coletivas. A configuração dos edifícios se dá de forma similar, de maneira que a grelha une os programas mais distintos (serviços / didático) através do espaço de sociabilização.