Resumo:
Todo ambiente construído possui funções outras que o habitar, trabalhar, produzir, deslocar, ou qualquer que seja seu objetivo funcional original. A organização da sociedade em núcleos urbanos possibilita estruturar, entender e lembrar quem somos e onde estamos; e é a percepção humana a ferramenta pelas quais interpretações podem ser estabelecidas com o meio que a cerca. Sentimento de pertencimento, estranhamento, surpresa, agradabilidade, aversão, medo, curiosidade... As muitas possíveis relações a serem estabelecidas entre indivíduo e meio serão resultado de uma equação envolvendo a subjetividade do eu e fatores condicionantes do meio.
Experienciar contextos pode nos remeter ao encanto de histórias como do cinema ou da literatura, as quais não necessariamente vivenciamos, mas naturalizamos, pelo recurso da imaginação. Percorrer uma cidadela medieval, certamente ativará a sensação de experienciar o cotidiano caótico das feiras, e o sublime das ruelas tortuosas, mesmo que essa não seja mais a sua realidade. Da mesma maneira, desbravar a avenida comercial de uma metrópole contemporânea, será uma experiência de promessa de futuro, exalando a sensação da onipresença da tecnologia em nossas vidas. Em uma interação sensível, o ambiente é capaz de falar, de contar sua história, e inspirar e estimular realidades que ainda não aconteceram.
O interesse deste trabalho centrou-se em entender a prática do percorrer como atividade dotada de caráter estético, buscando reconhecer e explorar elementos que de alguma forma, instiguem a percepção do transeunte banal, da cidade contemporânea.